...um garoto de olhos negros, pés descalços e boca banguela, olhava
tristemente da boleia do caminhão, pensava nos amigos que ficavam, no cachorro
companheiro de lida na hora de juntar o gado, latia como a dizer adeus, uma
lágrima insinuou e a lembrança de Maria seu grande amor o fez tremer... nunca
mais ... pensou, deixando cair uma lágrima logo seca pelo vento que entrava
pela janela... foi a última lembrança da viajem de João Pessoa até São Paulo .
Sessenta e cinco anos se passaram até a volta já como dono do antigo
sítio dos pais, ao descer do carro e olhar em volta as lembranças misturavam-se
e pareceu-lhe voltar no tempo , se viu novamente com 12 anos correndo no
terreiro nos folguedos de menino... pensou instintivamente no sorriso de
Maria... e temeu que as marcas do tempo estampada em seu rosto não guardasse
mais o amor de menino... foi um pensamento rápido logo esquecido quando seu
olhar encontrou os dela, menina... mulher... avó... Maria tentou falar sem
fôlego, o sorriso compreensivo era o mesmo da menina, o tempo parecia ter
congelado e sem compreender o que acontecia à beijou, tendo a certeza que o
amor envelhece para acompanhar o rosto amado, o tempo nos ensina a ver beleza
nos cabelos brancos e no olhar cansado, a juventude é passageira mas o Amor é sem
fim...
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